terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O desafio de ser livre


Ou um breve relato sobre férias e complexos de culpa

Finalmente chegara o dia mais esperado dos últimos (quase) cinco anos: o das férias. Com uma rotina de trabalho que se divide em dois lugares diferentes, era natural que não conseguisse o mês todo de folga. Entre negociações e concessões pra lá de generosas, batemos o martelo: 15 dias off – todos só para mim.
Óbvio que eu já havia esquecido a sensação, mas viagens – em especial as de férias – são oportunidades para fazer coisas que dificilmente faríamos em nossos cotidianos. “Sair da rotina?”, vocês perguntariam. Não. Muito mais. ‘Sair da rotina’ é lugar comum. Falo de pequenas (ou grandes, depende do “freguês”) ousadias, da possibilidade de se perder na paisagem, de se misturar aos naturais de um determinado lugar.
Tudo pronto. Ou melhor, quase tudo. Antes, havia reuniões para orientar minha equipe (aliás, pessoas fantásticas, que curtiram minha ansiedade, que me deram dicas preciosas e que me apoiaram até o último minuto), deixar tudo redondo...
Com centenas de músicas no iPod e outras centenas de pensamentos na cabeça, entrei no avião. E assim, com a “folha em branco”, me lancei no mundo.
O principal desafio de um workaholic é vencer o complexo de culpa. Nos dois, três primeiros dias, o smartphone (coitado!) era manuseado o tempo todo e foram infindáveis telefonemas. “Está tudo bem aí?”, “Já fechamos a revista?”.
Até que no quarto dia, fez-se a luz e meus olhos encontraram o mar. Foi nesse momento em que as costas e ombros ficaram mais leves. E foi quando me perdi entre os naturais e me permiti viver experiências únicas, algumas que eu dificilmente faria estando em Belém: parei num show de uma diva do axé (e eu detesto axé), sambei até de manhã em quadras de escolas de samba, vivi a boemia e reencontrei pessoas que há muito não via. Vivi emoções fortíssimas; achei que me coração não sobreviveria e fiz turismo gourmet – motivo maior desta coluna. Na Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro, me senti uma personagem de Machado de Assis. Mas isso é assunto para outro encontro nosso... ;)

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