Essa belezinha é o St. John - hamburguer de carne seca com queijo coalho,
passas ao rum e couve fininha.
Dia desses vi uma reportagem que afirmava que Belém é uma das capitais brasileiras onde existem mais carrinhos de comida, justificando portanto a fama de que o paraense adora “comer fora”. Se por necessidade ou prazer, não saberia dizer. Confesso que tampouco me liguei na fonte dos dados, mas muito me chamam a atenção os incontáveis “carrinhos de cachorro quente” nas esquinas da cidade.
Belém resguarda para si uns preciosismos que, obviamente são
deliciosos, mas chegam a ser líricos. Para além da tradução de hot dog (a
salsicha que lembra o daschund – o cachorro salsicha, daí uma das prováveis
origens do nome), que por aqui é de fato a salsicha no pão branco, o cachorro
quente é carne moída (ou “picadinho”, como chamam os paraenses, mas esse é
assunto para um outro post), bem temperadinha, em pão
careca (francês) com aquela maionese de repolho picadinho. Se você ficou
salivando, é compreensível, porque “na real”, o cachorro quente paraense é
coerente (sem grandes reinvenções como purê, batata palha, milho, etc etc etc e
a lista só se alonga) e divino.
Mas na terra onde o cachorro quente é rei, um outro membro
da realeza anda dividindo opiniões: o hambúrguer. Não, não sou fã de hambúrguer e não há uma
explicação para isso. Nunca me apeteceu, creio.
Até conhecer o Arturzão, uma criatura tão generosa quanto o
apelido que lhe garantiu tamanha notoriedade na capital paraense. O Arturzão
possui dois restaurantes/hamburguerias em Belém e a convite dele, apareci por
lá para a gente conversar, bebendo um chope gelado. Mais gostoso que o
hambúrguer foi o papo. Descobri, em meio à tanta informação, que o Artur fez um
pouco de tudo na vida e que começou cedo a empreender. Era o “churrasqueiro” da
turma, que decidiu tentar a sorte no Rio de Janeiro fazendo cover do Elvis e
voltou para Belém, meio desencantado, mas determinado a transformar a paixão
pela música (ele queria tocar, como roqueiro assumido que é) carne em negócio
lucrativo. Aí nasceu, em 2005, o Rock ‘n’ Roll Circus, uma homenagem aos Rolling
Stones. Os pratos principais da casa eram a atmosfera rocker e o hambúrguer,
naturalmente. Mas aconteceu o (feliz)
imprevisto: o hambúrguer se sobrepôs ao artista e ele deixou as performances de
lado para se dedicar à cozinha.
Aquela primeira sociedade findou, mas o período de
entressafra foi produtivo. O Artur criou várias coisas, enfim, ele se entregou
a um processo criativo intenso e em 2010 enxugou o nome e reabriu o Circus. E
no Circus, a gente se surpreende a cada descrição de hambúrguer: hambúrguer com
jambu, hambúrguer em que a carne foi moída junto com queijo coalho (e que é
servida com passas ao rum e couve fininha e fritinha), dentre tantos outros.
Hoje o Circus é ponto de encontro de quem ama o clássico de dos gourmets. Não
se surpreenda se encontrar algum chef de cozinha super conhecido
internacionalmente por lá.
O melhor da casa, entretanto, é a generosidade. Vá conferir
pessoalmente e depois me conte.
CIRCUS HAMBURGUERIA
Em dois endereços:
Alcindo Cavela, 2119-B
João
Balbi, esquina da Quintino Bocaiúva.
Tel: 3229.9000
O Circus da Alcindo Cacela abre para o almoço, com um
cardápio executivo de babar.