domingo, 12 de outubro de 2008

A dona do T&P no Diário do Pará


Fabio me convidou para assinar a coluna dele neste domingo do Círio. Ele sabe que AMO o Cirio e reproduzo o texto aqui.

Título: Círio
Subtítulo: A maior festa do povo paraense é uma festa para os sentidos
Por Lorena Filgueiras
Vivo dizendo o quanto gosto do Círio. Gosto tanto que Fabio me convidou para escrever a coluna deste domingo e este pedido que foi prontamente aceito! Adoro a atmosfera que toma conta da cidade e das pessoas.
Belém congrega milhões de pessoas que chegam de todo o Estado e de fora. As ruas viram rios de gente e a energia que corre é quase palpável. Meu domingo do Círio começa cedo, na Sé, só pela felicidade em testemunhar o começo de tudo. Quase sempre estou trabalhando no Círio, é bem verdade, mas nada diminui minha emoção em revivê-lo a cada ano que passa. Na subida da Presidente Vargas, rumando para casa é que percebo: o paraense fica mais próximo de seus irmãos, as mangueiras estão em flor e frutos. Parecem árvores de Natal, prontas para oferecer alimento, sombra e beleza aos que chegam à cidade. Muito clichê para você? Para mim não. É o Natal do paraense. É impressão minha ou o ano acaba logo depois do Círio?
Muito mais que uma expressão de religiosidade, o Círio é uma festa maior – é a festa de um povo emocionado. O paraense reserva hábitos lindos: arrumar a casa, mandar pintar a fachada, colocar a toalha branca de renda na janela, lavar a casa com perfume (minha avó sempre fazia isso. Hoje, morando em um apartamento, ela encontrará outras maneiras para fazê-lo, assim acredito), incensar os cômodos, arrumar a “Nazinha” e colocar o que tem de melhor na mesa. Esses dois últimos itens, aliás, merecem todo meu destaque. Entendem agora as razões para chamar o Círio de “festa dos sentidos”?
Nós, paraenses, temos uma relação de afetividade com as Marias. Porque todas são uma, mas merecem apelidos carinhosos: Nazinha, Socorrinho (essa é em homenagem à querida Zélia Amador de Deus, que trata as Nossas Senhoras como “moças”), Gracinha. Uma tia minha, a Mirna (uma figura!) tornou uma tradição familiar confeccionar camisetas iguais para todos os membros da família (somos esmagadoramente mulheres, confesso, o que a leva mandar fazer as nossas “vestes do Círio” em cor-de-rosa... creiam) com alguma referência à Nossa Senhora de Nazaré. Ano passado foi com os seguintes dizeres: “As mulheres da Naza”. Não faço idéia do que nos reserva este ano, mas sei que vem surpresa por aí. Prometo contar numa outra oportunidade.
Não bastasse esse clima delicioso de confraternização, tem o que justifica a coluna: a culinária típica, com aromas tão característicos. Na semana que antecede o Círio, minha casa cheira à maniçoba. Quem me conhece, sabe que eu declino essa iguaria gentilmente. Mas eu sou a alienígena da casa. Minha mãe, Regina, e irmã, Marília, são devotas, primeiramente de Maria e, posteriormente, da maniçoba. E a casa fica perfumada. São docinhos, bolos, tortas, comida em proporções exageradas, para alimentar alguns muitos batalhões. Mas nada disso importa, porque diz a minha mãe que é esse o único momento em que as portas de nossa casa são abertas e quem chegar, será muito bem vindo. O alimento nutre o corpo. O sentimento e a fé nutrem o espírito. Você já está bem alimentado?
E assim ficamos, na expectativa pela passagem Dela. Ao som de músicas que evocam São Francisco de Assim, porque um coral de crianças fica postado em frente à minha janela.
E quando ela passa, parece tão rápido. Mal consigo lembrar que o dia começou por volta das 4 da manhã, que ainda não almoçamos e que ainda terei que trabalhar. Mas valeu a pena. Sempre vale. Está na hora de nutrir o corpo.
A coluna de hoje apresenta propostas alternativas para sua mesa. Que tal comer peixe? Ou inovar com uma maniçoba de mariscos? As receitas vão abaixo. E não esqueça: o importante é que você esteja junto de seus amados, que renove as promessas por saúde, harmonia, prosperidade... por mais um ano juntos. Não esqueça da fitinha e dos três nozinhos. Um lindo Círio. É meu desejo, do Fabio e de toda a família Dom Giuseppe.

2 comentários:

Anônimo disse...

Só p variar, um texto lindo de se ler. Como tudo q vc escreve aliás, e vc sabe q digo isso sem "puxa-saquismo", ou apenas com o verdadeiro e necessário do mesmo, rsrsrs... Lindo texto. Lindo Círio, Ló!

Lorena Filgueiras disse...

Ah, Pit... obrigada. Que todos os dias sejam Cìrio em nossa vida.