quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Histórias de família

Vó Lúcia, com os netos (só faltou o Deco, que mora em Bsb, nesta foto)

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Essa é a minha. Juntei dois espisódios, sobre os quais já falei cá, no T&P. Falta a sua!

Eu e Mari crescemos rodeadas por muito carinho - longe de parecer um clichezão. Fomos as primeiras netas e aproveitamos o melhor de todos.
Então quando chegava a Páscoa, ganhávamos ovos (numa época em que não eram tão elaborados quanto agora, nem comuns ou tão acessíveis) da Mirna (uma figura de tia), q os escondia pela casa. Lembro até hoje do ovo embrulhado em papel verde, com um ioiô dentro.
Corríamos feito loucas, em busca dos ovos espalhados pela casa da Bernal do Couto. Nesse meio tempo, o cheiro inebriante dos bolinhos de bacalhau imperava.
Era uma força tarefa - eu, toda orgulhosa, a neta primogênita, amassando as batatas cozidas, enquanto Marília fazia as bolinhas, sob o olhar atento da D. Maria Lúcia, que as passava no trigo e nos ovos levemente batidos, para fritá-los em seguida.
Almoçávamos todos juntos - mesa sempre numerosa, extremamente farta e perfumada.
Era mais do que alimentar o corpo. Tratava-se de nutrir o espírito de felicidade. Lembro com precisão de detalhes: feriados eram sinônimos de casa da avó Lúcia: sobre a mesa da copa, farinha de rosca, purê de batata, carne moída prontinha e ovos. O prato que mais amávamos eram os tais bolinhos. Seis mãos pequeninas, regidas pelas mãos dela, davam forma aos bolinhos, passavam pelos ovos batidos, na farinha de rosca antes antes de serem fritos.
Daí veio um dia especial: ela me ensinou a separar a clara da gema, a retirar a película da gema e a bater as claras em neve, de posse de um garfo. Nada mais. Eu, meio desajeitada, bati as claras e ouvi dela:
- Parabéns, Lóca (como ela me chama até hoje). Suas claras em neve cresceram muito e isso é sinal que você terá muita fartura em sua vida. Nunca esqueci disso. Também nunca comprei uma batedeira. Porque sempre lembro de suas palavras.
Se isso não for amor, não sei mais o que é.

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