sábado, 1 de dezembro de 2007

Faux Gras

O título deste post obviamente é um trocadilho - e já explico o porquê - com o nome de um prato que é um dos expoentes, quando falamos de Alta Gastronomia: o Foie Gras, ou fígado de pato (pode ser ganso também).

Comi Foie Gras uma única vez e detestei. Provei porque não aprovo a média "não comi, não gostei", mas tenho de admitir que sabia o que era e isso influenciou muito o meu paladar.


faux gras - diferença imperceptível.


O foie gras é um dos alimentos mais politicamente incorretos do planeta. O motivo é o método de produção, considerado cruel. Funciona em duas etapas. Na primeira, a ave passa 90 dias em galpões, sendo alimentada normalmente. É nos 12 dias seguintes que entra em cena a técnica de alimentação que causa repulsa aos espíritos mais sensíveis. Uma quantidade crescente de milho cozido é enfiada no animal por um funil, goela abaixo, com o objetivo de engordar seu fígado. A porção diária começa com 200 gramas e chega a 1 quilo no final do processo, quando o fígado atinge um tamanho dez vezes maior que o normal.
A revolta com o tratamento dispensado aos animais é tão grande que a comercialização de foie gras foi proibida em algumas cidades, como Chicago, nos Estados Unidos. Lá, já há um mercado paralelo de fígado de ganso, numa bizarra repetição em pequena escala dos tempos da Lei Seca.

A multa para os gourmets que burlam a lei vai de 250 a 500 dólares. A Califórnia já marcou data para o banimento (2012), e diversos outros estados consideram seguir o mesmo caminho. A repressão vem causando um novo fenômeno, a produção de cópias fajutas da iguaria.
Alguns chefs americanos tentam reproduzir o sabor e a textura do foie gras usando ingredientes como fígado de frango, trufas e até mesmo tofu. A técnica politicamente correta foi apelidada de faux gras, um trocadilho com a palavra "faux", que significa falso em francês. A técnica, claro, é considerada ridicule pelos chefs mais tradicionalistas.

crueldade com os animais (aqui um pato sendo "alimentado")

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